Reestruturação do tecido empresarial ibérico

O contexto económico adverso que se vive nos últimos anos tem tido um impacto devastador na economia Portuguesa, visível nas falências (50/dia nos primeiros 9 meses do ano -16.500 à data deste artigo), no desemprego (15,8%, 3.° mais alto da EU e mais alto de sempre desde que há registos do BdP, 1953) e nos graves problemas de liquidez e financiamento que as empresas enfrentam.
As previsões económicas de Outono da Comissão Europeia (CE) apontam a mais más notícias para a Espanha. A CE aponta uma nova contracção do PIB para este ano de 1,6% e de 1,5% para 2013 (Citibank aponta uma contracção de 3,1% para Espanha em 2013).
Sendo Espanha o principal destino das exportações Portuguesas - foi o nosso principal parceiro comercial no primeiro semestre de 2012 (22% das exportações de bens segundo o INE) - a queda de 4,1% em relação a igual período do ano passado antecipa dificuldades adicionais para a nossa (fragmentada) indústria exportadora.
Face a estas condições de mercado que vivemos, e para competir num mundo cada vez mais global, é hoje absolutamente essencial que as empresas repensem o seu modelo de negócio, se reinventem e se reestruturem.
A reestruturação das empresas não pode só ser financeira, tem de ser igualmente estratégica e operacional
Uma das principais lições da nossa experiência é a de que a reestruturação das empresas tem de ir mais longe que a vertente financeira, necessitando igualmente de um programa de medidas estratégicas e operacionais - sob pena de serem apenas acções paliativas, com efeitos de curto prazo de 12 a 18 meses, mas não sustentáveis no longo-prazo.
Paradoxalmente, os credores das empresas/grupos - nomeadamente Banca - ainda se enfocam prioritariamente na apresentação deum compromisso de reestruturação financeira, não dando a devida e necessária importância à componente estratégica e operacional.
A referida pouca relevância dada à reestruturação estratégica e operacional é evidente em inúmeros casos tanto em Espanha como em Portugal pela ordem pela qual se solicita a elaboração de tais programas - normalmente num ponto bastante avançado da negociação de refinanciamentos - decidindo a contratação de apoio especializado com base em custo e "proximidade" (por exemplo, a empresas de auditoria).
Entendemos que o modelo Alemão de reestruturação é um modelo bastante mais potente e pragmático e com melhores resultados. As instituições financeiras procuram que as empresas/grupos devedores transformem o seu modelo de negócio, garantindo a sua sustentabilidade no longo prazo.
Este modelo assenta numa visão integrada de reestruturação Estratégica, Operacional e Financeira, com excelentes resultados onde foi aplicado.
Programas de reestruturação - abordagem holística e pragmática, com equipas experientes na operacionalização e concretização no terreno
Para o êxito de um programa de reestruturação é necessário demarcarmos de uma visão puramente financeira de cumprimento de devolução de dívida e juros, para uma reestruturação holística que inclui estratégia e operações com os compromissos financeiros, de forma a entender as opções existentes e decisões necessárias.
As várias opções disponíveis são normalmente estruturadas num conceito de reestruturação - um bom desenho ou configuração da componente conceptual é essencial, e tal implica rever recursos disponíveis e sua alocação, condições e posicionamento no mercado, proveitos, custos e situação patrimonial.
A solidez do conceito é fundamental, mas apenas o ponto de partida, e não suficiente per se. São conhecidos vários casos em que a sua operacionalização e implementação falharam, apesar da aprovação do conceito pelos decisores.
Várias razões podem ser apontadas entre as quais a necessidade de explicar e alinhar a gestão e os colaboradores para obter a sua adesão e motivação. Outra razão chave é a necessidade de acrescentar experiência de negócio na revisão do conceito de reestruturação e na sua implantação -não podem ser meramente conceptuais e de "powerpoint".
Ou seja, é necessária a operacionalização e concretização no terreno com pessoas com experiência concreta e vivida neste tipo de desafios - sendo possível reencaminhar empresas de uma espiral descendente (com liquidação à vista), a um colectivo mais ajustadoà nova realidade e com um projecto credível de futuro.
Passados quase 200 anos, a.teoria evolucionista - de Darwin é hoje muito actual, "Não são os mais fortes que sobrevivem, nem os mais inteligentes, mas os que se adaptam às mudanças." - e é esse o desafio pragmático da economia nacional e das empresas
2013-01-08 10:06:43
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